A denúncia contra Bolsonaro e a força das nossas instituições

A denúncia feita pela Procuradoria Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de estado representa um marco importante na história do nosso país. Diante de toda a turbulência que o Brasil viveu nos últimos anos, e que ainda vive, uma resposta institucional forte era necessária, tanto para desmobilizar futuros arroubos antidemocráticos quanto para demonstrar a solidez dos poderes constituídos.

É necessário, antes de tudo, garantir a presunção de inocência e o devido processo legal aos 34 denunciados. A construção de uma democracia forte e autônoma precisa ser feita dentro dos marcos estabelecidos por ela mesma. Isso gera um círculo virtuoso que fortalece as nossas instituições e contribui para uma estabilidade sem a qual é impossível prosperar.

Dito isso, a punição para aqueles que atentam contra nossa democracia, liberdade de pensamento, de manifestação e de organização precisa ser exemplar. Pensamentos autoritários estão sempre prontos para criar raízes e, da mesma forma, precisamos estar sempre prontos para combatê-los.

Em seu livro “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”, o filósofo liberal austríaco-britânico Karl Popper criticou o que ele considerou como inimigos da democracia e desenvolveu a Teoria do Paradoxo da Tolerância. Na obra, ele ressalta que uma sociedade tolerante deve estar pronta para reprimir a intolerância, sob pena de ser vítima dos intolerantes. “Devemos exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique à margem da lei e que qualquer incitação à intolerância e perseguição seja considerada criminosa”, disse ele.

Nesse sentido, qualquer tentativa de anistiar os envolvidos na tentativa de golpe ou de relativizar seus atos deve ser fortemente combatida. É imperioso mostrar que o Brasil tem leis, instituições e que o Estado Democrático de Direito veio para ficar.

Somente quando essas questões forem devidamente superadas, poderemos olhar para frente e construir um país que cuide de todos os brasileiros e brasileiras. Essa nação precisa ter bases sólidas e não pode ter seus alicerces infiltradas por oportunismo antidemocrático.

Por: Geci Silva, Presidente do Adufg-Sindicato e Diretor de Assuntos Educacionais do Magistério Superior do Proifes-Federação