A defesa da previdência é um dever de todos nós

A previdência social é uma conquista recente dos trabalhadores(as) em todo o mundo. Nos moldes que conhecemos hoje, ela surgiu no século XIX, embora tenha ganhado força durante o estabelecimento do Welfare State como uma resposta do mundo capitalista frente aos avanços sociais conquistados pela população soviética durante a Guerra Fria. No Brasil ela surgiu em 1923, com a criação da Caixa de Aposentadoria e Pensões.

Ao longo desses 102 anos, muita coisa aconteceu. A previdência abraçou uma série de benefícios, criando uma rede proteção com o objetivo de combater a pobreza e garantir um padrão mínimo de vida, especialmente para os mais pobres e os grupos vulneráveis. Essas medidas também possuem um importante impacto econômico, aquecendo a economia e se tornando uma fonte imprescindível de recursos para várias regiões do país.

A partir da última década do século XX, entretanto, uma série de ataques tem sido direcionados à previdência e ao seu guarda-chuva de proteção. As diversas reformas, implementadas por governos de diferentes matizes ideológicas, tem diminuído o cobertor de proteção estatal aos trabalhadores(as) e às pessoas com vulnerabilidade.

Os servidores públicos, que possuem um Regime Próprio de Previdência Social, também foram atingidos por essas mudanças. Criaram-se várias “gerações” de servidores, cada uma com critérios, remunerações e sistemas diferentes. E em cada uma dessas gerações ficou mais difícil se aposentar e o benefício fica cada vez pior.

No esteio dessas novidades, a integralidade da aposentadoria e a paridade dos reajustes com os servidores da ativa foram alvos dos ataques. A garantia de uma aposentadoria justa, que antes era um atrativo para o ingresso no serviço público, vai lentamente se esvaindo no meio de tantas mudanças que chegam para pior.

É preciso compreender que valorizar a previdência no setor público é proteger os trabalhadores(as) que dedicaram as suas vidas à construção de um país melhor. Nesse sentido, defender os direitos tanto dos aposentados quanto daqueles que irão se aposentar é um compromisso de todos nós. É uma demonstração de respeito e zelo com o nosso passado, mas também com o nosso futuro.

Por Ana Kratz, Diretora de Assuntos de Aposentadoria e Pensão do Adufg Sindicato.