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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 19/12/2024 - Artigo de Opinião

A Importância do Mapeamento da Vegetação Nativa de Goiás para o Enfrentamento dos Desafios Ambientais e Climáticos

Semad Goiás, em parceria com laboratório da UFG, realiza lançamento de projeto que vai mapear a vegetação nativa de Goiás

A Importância do Mapeamento da Vegetação Nativa de Goiás para o Enfrentamento dos Desafios Ambientais e Climáticos

Elaine Barbora da Silva

Profa. Dra. do IESA/UFG

Coordenadora do Atlas dos Remanescentes de Vegetação do Estado de Goiás

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad-GO) realiza, no dia 10 de dezembro, das 10h às 12h, no auditório Mauro Borges do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, o lançamento do projeto Atlas dos Remanescentes de Vegetação do Estado de Goiás. Financiado pela Semad, executado pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e gerido administrativamente pela FUNAPE/UFG, a iniciativa tem como objetivo o monitoramento contínuo para preservação dos biomas do estado, com resultados que serão disponibilizados para o Governo de Goiás, fortalecendo a gestão ambiental sustentável.

O estado de Goiás, situado no coração do bioma Cerrado, desempenha um papel estratégico para a economia nacional, sustentado sobretudo pela agropecuária. Entretanto, sua trajetória de ocupação e desenvolvimento, amplamente baseada na expansão da agropecuária, resultou na conversão de mais de 68% de sua vegetação nativa, como aponta o MapBiomas (2023). Esse cenário evidencia à relação preocupante entre a perda de biodiversidade, o uso insustentável dos recursos naturais e a intensificação de eventos climáticos extremos, que afetam tanto o meio ambiente quanto a sociedade.

Nos últimos anos, a crescente frequência de secas severas, incêndios florestais e enchentes ao longo do Brasil tem sido associada, em grande parte, ao desmatamento e à fragmentação de habitats naturais. A vegetação nativa do Cerrado desempenha um papel crucial na regulação do clima, na manutenção da qualidade do solo e na preservação dos recursos hídricos. Sua conversão indiscriminada para uso agropecuário não apenas compromete esses serviços ecossistêmicos, mas também aumenta a vulnerabilidade do setor agrícola aos impactos das mudanças climáticas. A agropecuária, base da economia goiana, depende do clima estável e da conservação do solo, ambos ameaçados pela degradação ambiental.

Neste contexto, o projeto Atlas Goiás: Remanescentes de Vegetação Nativa emerge como uma iniciativa essencial. Com base em tecnologias avançadas de Sensoriamento Remoto, o projeto visa mapear a vegetação nativa remanescente em uma escala detalhada de 1:20.000, utilizando dados recentes dos satélites Sentinel-2 e CBERS-4A. Esse mapeamento fornecerá um panorama detalhado das áreas ainda preservadas, fundamentais para ações de conservação, restauração e planejamento territorial.

A importância desse projeto vai além do âmbito ambiental. Ele promove a conexão entre a preservação e a produção sustentável, ao mesmo tempo em que oferece suporte para políticas públicas mais eficazes e ferramentas educacionais que ampliem a conscientização da população sobre a necessidade de preservar a biodiversidade. Além disso, dados precisos sobre a distribuição e a qualificação da vegetação nativa poderão orientar práticas agrícolas que conciliem produtividade e sustentabilidade, reduzindo o risco de degradação do solo e contribuindo para a segurança hídrica e climática.

Diante da crise ambiental global, com seus reflexos intensificados por eventos climáticos extremos, projetos como o Atlas Goiás são vitais para subsidiar ações para promoção da sustentabilidade. É urgente que se reconheça a interdependência entre o equilíbrio ambiental e o desenvolvimento humano. Proteger o que resta do Cerrado goiano não é apenas uma questão ecológica, mas uma estratégia indispensável para resguardar os recursos naturais que sustentam a economia e a vida no estado. A integração de ciência, tecnologia e políticas públicas visionárias pode assegurar a preservação dos ecossistemas, promovendo um futuro em que desenvolvimento e conservação coexistam de forma harmoniosa.