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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 21/11/2024 - Artigo de Opinião, Notícias

A luta contra a escravidão moderna

A luta contra a escravidão moderna

Por Flávio Alves da Silva, Diretor Administrativo da Adufg-Sindicato, presidente da CUT-GO e vice-presidente do Proifes-Federação

 

O debate sobre a jornada de trabalho no Brasil reacendeu depois que a Deputada Federal Erika Hilton (PSOL/SP) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da escala 6x1 no país e a criação de uma escala 4x3. Iniciativas como essa não são uma novidade no parlamento. Entretanto, sempre que surgem, geram pesadas reações dos setores mais conservadores da sociedade.

Grandes empresários e seus representantes no Congresso Nacional se levantaram contra a PEC, alegando que medidas como o fim da escala 6x1, a instituição da escala 4x3 e a redução da jornada de trabalho com manutenção dos salários irão trazer sérios prejuízos à economia. O argumento é que será necessário contratar mais trabalhadores e que os empresários não conseguirão arcar com esses novos custos.

O problema desse discurso é que ele é velho. Apareceu em todos os momentos da história nos quais melhorias nas condições de trabalho foram propostas. Do fim do trabalho infantil ao fim da escravidão. E como pudemos observar, a economia não quebrou quando as crianças deixaram de trabalhar nas fábricas nem quando as pessoas escravizadas se libertaram.

Outro exemplo de que esse argumento não aguenta 30 segundos de realidade é que o Brasil hoje tem uma média de horas trabalhadas maior do que os países do G7 (as sete maiores economias do mundo). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os brasileiros também trabalham mais do que metade do G20. As maiores economias do mundo trabalham menos e produzem mais do que o Brasil, mas reduzir a carga horária irá quebrar a nossa economia?

A verdade é melhorar a vida do trabalhador é bom para toda a sociedade, mas diminui a margem de lucro do topo da pirâmide. E isso, para eles, é inadmissível. A PEC do fim da escala 6x1 é mais um capítulo de uma luta que não começou hoje e que ainda está longe de acabar: o fim da exploração do homem pelo homem e a batalha contra a escravidão moderna.

Nesse sentido, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) tem uma luta histórica em defesa da redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Entendendo que o crescimento e desenvolvimento do nosso país estão atrelados ao aumento da qualidade de vida e de renda do trabalhador, a central apresenta a redução da jornada como parte das medidas para a construção de um mundo justo e sustentável.

É preciso entender que não há futuro sem trabalho decente e sem a participação da classe trabalhadora nos rumos da sua vida e do país.