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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 11/02/2025 - Notícias

Mulheres e meninas na ciência, uma grande jornada em busca de equidade

Mulheres e meninas na ciência, uma grande jornada em busca de equidade

Ciência e a igualdade de gênero devem andar lado a lado é com essa premissa que no dia 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi escolhida no dia 22 de dezembro de 2015, durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Apesar de ser uma data que simboliza a luta pelo respeito às mulheres e para que elas ocupem mais espaços na ciência, dados ainda mostram que a situação está longe de ser a ideal. Segundo a Unesco, a porcentagem média global de pesquisadoras é de 33,3% e apenas 35% de todos os estudantes das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e  matemática são mulheres. Esses dados demonstram que ainda existem barreiras a serem enfrentadas e baixa representatividade feminina, principalmente, sobretudo em áreas consideradas predominantemente masculinas. 

Apesar da estatística desfavorável, algumas mulheres fizeram história e têm feito a diferença nesse campo, como Marie Curie - que descobriu o rádio e o polônio e cunhou o termo da “Teoria da Radioatividade”. Outro nome ilustre foi Ada Lovelace, que é considerada a primeira programadora de computadores do mundo e Barbara McClintock, que foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Medicina, em 1983. 

Inspiradas nesses nomes está Sumbal Saba, que, desde 2023, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq-Nível 2. Ela, que é paquistanesa, já conta com mais de 70 artigos publicados, três capítulos de livros e quatro patentes. A linha de pesquisa dela é a Química Orgânica , Síntese Orgânica, Química Verde e Sustentável e Química Medicinal. “O foco da minha pesquisa é encontrar soluções para dois grandes problemas mundiais, tais como, a poluição climática e ambiental e doenças graves que causam risco de vida”, destaca. 

Ela destaca que já desenvolveu vários métodos sustentáveis para fármacos. Eles ajudam na prevenção e/ou tratamento do câncer, alzheimer, leishmaniose, além de serem anti-inflamatórios e antioxidantes. Sumbal já conseguiu levar os projetos de pesquisa para congressos nacionais e internacionais, como nos Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Japão, Paquistão, entre outros.

Sumbal é graduada e mestra em Química e Biologia pela Universidade de Peshawar, no Paquistão, Ph.D em Química Orgânica pela Universidade Federal de Santa Catarina e ex-professora de Química no National College of Science and Technology e na Shaheed Benazir Bhutto Women University Peshawar.

Em 2023, Sumbal entrou para a história como a primeira mulher do Instituto de Química da UFG a ser eleita para o cargo de membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Ela fica no cargo até 31 de dezembro de 2028.

Machismo 

Apesar das várias conquistas, Sumbal destaca que o ambiente científico ainda é muito machista, mesmo com os avanços para que haja uma equidade na ciência. Ela afirma ainda que as mulheres ainda são colocadas à prova com mais intensidade na área quando decidem se tornarem mães, como é o caso dela, que tem a pequena Laiba, de 2 anos. “Muitas vezes, as mulheres enfrentam desafios como a subestimação de suas capacidades, a dificuldade de ascender em cargos de liderança, preconceitos e o viés implícito que se reflete em pesquisas, publicações e financiamento. Além disso, o preconceito e as expectativas de gênero podem tornar a vida acadêmica e profissional mais difícil, especialmente para mulheres, mães e jovens cientistas”, destaca. 

Para ela, é necessário criar um ambiente de apoio para que as mulheres não apenas entre na pesquisa, mas que possam prosperar na área. Ela elenca a necessidade de garantir oportunidades iguais - sem distinção de gênero - desde a formação acadêmica, como programas de mentoria e incentivo à participação de mulheres em áreas científicas predominantemente dominadas por homens.

“Além disso, é necessário combater o viés de gênero nas avaliações, reconhecendo e valorizando as contribuições de pesquisadoras de forma justa. As políticas de financiamento também precisam ser mais inclusivas, direcionando recursos de maneira equitativa para cientistas mulheres. Por fim, uma maior visibilidade nas mídias e eventos científicos pode ajudar a quebrar estereótipos e inspirar novas gerações. Isso cria uma rede de apoio e reconhecimento que ajuda a solidificar o papel das mulheres na ciência”, finaliza.