Notícias
Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 29/01/2025 - Notícias
Dia Nacional da Visibilidade Trans marca um caminho de lutas, desafios e conquistas para a comunidade
Hoje, dia 29 de janeiro, comemoramos o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A data é reconhecida como sinônimo de resiliência e lutas, sendo escolhida em homenagem ao lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, que ocorreu em 2004, a primeira campanha contra transfobia do país.
Nos últimos anos, a população trans tem conquistado direitos, como a garantia do reconhecimento ao nome social e a criminalização da transfobia. Apesar disso, ainda somos o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo, segundo a 8ª edição do "Dossiê: Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras", feito pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
Em reconhecimento a essa luta, o Adufg-Sindicato fez um resumo da trajetória da população trans no Brasil.
Conceito e história
Ser trans é não identificar-se com o gênero que lhe foi imposto ao nascimento, categorizado como menino ou menina de acordo com o órgão genital. Logo, enquadram-se nessa população as travestis, além dos homens e mulheres trans. Também podem se identificar as pessoas que não se identificam com nenhum dos dois gêneros ou com mais de um deles.
A história de luta do movimento trans no Brasil tem início nos anos 1970, mais especificamente no sudeste do país. À época, surgiram a Associação Damas da Noite, em Vitória (ES), e a Associação de Travesti e Liberados, no Rio de Janeiro (RJ), em 1992.
Em 1962, surgia a Turma OK, primeiro grupo que se tem registro como instituição LGBTI+ no Brasil. Segundo o presidente Amancio Cezar, os participantes se encontraram para realizar shows e apresentações, desde que respeitadas as imposições da Ditadura Militar.
Até a década de 70, travestis eram presas por andar nas ruas “vestidas de mulher” e eram constantemente associadas ao vírus do HIV, sendo inclusive presas pelo então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, na “Operação Tarântula”.
O início do processo de reconhecimento ocorreu mesmo em 1990, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças mentais, tornando o dia 17 de maio o Dia Mundial contra Homofobia
Já no século XXI, destacam-se a aceitação do uso do nome social pelo Sistema Único de Saúde (SUS); o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”; a criação de portarias que garantiram o reconhecimento à orientação sexual e à identidade de gênero, a garantia pelo SUS do direito à cirurgia de redesignação sexual, a criação de ambulatórios especializados, além da permissão para que pessoas trans possam mudar nome e gênero diretamente no cartório, sem necessidade de autorização judicial.
Visibilidade da comunidade trans
Historicamente estereotipada e marginalizada, a comunidade trans também tem notado mudanças e conquistado seu espaço nas artes, fruto de uma luta de décadas por respeito e aceitação.
Um dos nomes pioneiros mais conhecidos da comunidade LGBTQUIAP+ foi a personagem Vera Verão, interpretada pelo ator Jorge Lafond no humorístico A Praça é Nossa. Já Rogéria foi uma das primeiras travestis a construir carreira artística no Brasil e ser reconhecidamente respeitada, seguida por outras personalidades como Nany People.
Recentemente, a jogadora transexual Tiffany Abreu tornou-se a primeira esportista brasileira a receber autorização da Federação Internacional de Vôlei (Fivb) para atuar junto às mulheres. Em 2020, Erika Hilton (Psol) foi a primeira deputada federal negra e trans eleita na história do Brasil, o que impulsionou um aumento de mais de 100% no número de pessoas LGBTQUIAPN+ eleitas em 2024.
Tais conquistas representam um avanço para a população trans, apesar de ainda haver um longo caminho para o alcance de uma representatividade uniforme e justa. Nós, do Adufg-Sindicato, estamos juntos na luta pela garantia dos direitos da comunidade e pelo fim da transfobia em seus mais diversos aspectos e nuances.