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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 18/12/2024 - Notícias

Professor da UFG integra equipe responsável pela descoberta de novo material supercondutor

Professor da UFG integra equipe responsável pela descoberta de novo material supercondutor
Parte dos cálculos do projeto foi feita no Instituto de Física da UFG l Foto: Arquivo pessoal.

O professor Vanuildo Silva de Carvalho, do Instituto de Física (IF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), participa da equipe responsável pela descoberta de um novo material supercondutor. O seleneto de ferro dopado com enxofre é um material que alcança o estado de  supercondutividade numa temperatura maior do que era conhecido anteriormente, o que aproxima a comunidade científica de todo o mundo de encontrar um material dessa natureza que funcione em temperatura ambiente, o que revolucionaria diversos setores de nossa sociedade. 

Conforme explica o docente do IF, o estado de supercondutividade consegue evitar a perda de energia por dissipação, ou seja, a corrente elétrica correndo no material se manteria indefinidamente. “Essa corrente permanecerá lá pela eternidade. Ela não decai”, resume Vanuildo. Na sequência, ele complementa: “isso [descoberta de um supercondutor que funcione em temperatura ambiente] acabaria revolucionando tudo”. Sistema de distribuição de energia, transporte público, baterias, desenvolvimento de tecnologia digital e sustentabilidade são alguns dos pontos que se transformarão quando essa pesquisa for concluída. 

A equipe que Vanuildo faz parte, que descobriu o seleneto de ferro dopado com enxofre como um supercondutor, é composta por treze pessoas, das quais quatro são brasileiros: Vanuildo Silva de Carvalho, da UFG, Eduardo Miranda, da Unicamp, Rafael Fernandes, que leciona na Universidade de Illinois (nos Estados Unidos), e Eduardo Silva Neto, professor na Universidade de Yale (também nos Estados Unidos). 

Dois pontos dão destaque para a descoberta do grupo. O primeiro deles é o fato da supercondutividade do seleneto de ferro dopado com enxofre ser atingida numa temperatura maior do que a conhecida anteriormente, o que dá esperanças de que exista algum material ou técnica que possibilite alcançar esse estado em temperatura ambiente. 

O segundo ponto que destaca os achados dessa pesquisa é a forma como se atingiu o estado de supercondutividade: a nematicidade eletrônica. “Era uma teoria que estava aí há algum tempo, mas não tinha sido comprovado experimentalmente”, explica o físico teórico. Dessa forma, fica comprovado que é possível induzir o estado de supercondutividade através da nematicidade eletrônica, abrindo um leque de possibilidades para pesquisas futuras. “É o primeiro exemplo de um material desse tipo, que a supercondutividade é induzida por essa interação nemática”, compartilha orgulhoso.

A parte experimental do projeto foi feita nos Estados Unidos devido ao alto custo dos procedimentos e aparelhos necessários. Parte dos cálculos necessários à pesquisa foi feita por Vanuildo, na UFG. Importante destacar que, apesar das tentativas, não houve financiamento de agências de fomento e o pesquisador precisou desembolsar parte de seus recursos próprios para dar seguimento ao projeto.

Os resultados dessa pesquisa foram divulgados em um dos periódicos científicos de maior prestígio em todo o mundo, a Nature Physics.   

Próximos passos 

Apesar do resultado relevante, ainda existe um caminho muito grande até a descoberta de um material supercondutor que possa ser aplicado no cotidiano das pessoas. A comprovação do método da nematicidade eletrônica para indução da supercondutividade abre um novo leque de possibilidades.

Vanuildo explica que existem vários caminhos a se seguir. É possível tentar dopar o seleneto de ferro com outros elementos, pode-se tentar alcançar a supercondutividade em outros materiais e, também, esse estado pode ser atingido de formas diversas para além da nematicidade eletrônica. “A pesquisa em supercondutividade continua”, garante o pesquisador. 

“Certamente em algum momento futuro isso [descoberta de supercondutor que funciona em temperatura ambiente] vai acontecer. Cada dia mais essa temperatura de funcionamento do supercondutor acaba aumentando”, conclui esperançoso.