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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 26/02/2021 - Notícias

(JP Online) Com menor orçamento na década para o ensino básico, metade dos pais temem o retorno presencial na rede pública

(JP Online) Com menor orçamento na década para o ensino básico, metade dos pais temem o retorno presencial na rede pública

Um levantamento feito pela Fundação Lemann em parceria com o Itaú Social e o Imaginable Futures, aponta que 49% dos pais de estudantes de escolas públicas municipais e estaduais do Brasil não confiam na segurança sanitária das escolas e na capacidade das estruturas físicas oferecerem as condições necessárias para prevenir o contágio e a propagação da Covid-19 com a retomada das atividades presenciais. Em setembro do ano passado, este índice era de 22%. Além disso, dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), analisados pelo Movimento Todos Pela Educação, revelaram que o atual orçamento do Ministério da Educação (MEC) destinado à educação básica é o menor em 10 anos: o valor pago efetivamente em 2020 foi de R$ 32,5 bi, muito abaixo dos R$ 143,3 bi investidos em 2011.

Em meio à aceleração da pandemia, as aulas presenciais têm sido retomadas à força pelos poderes públicos estaduais e municipais. Para a professora Miriam Fábia Alves, da Faculdade de Educação (FE-UFG), a redução de recursos e a desconfiança dos pais andam de mãos dadas. “Quando os pais e responsáveis dizem que não confiam, eles conhecem a infraestrutura da escola, conhecem as limitações da escola”, afirma, “isso diz respeito a um debate que realizamos há muitos anos neste país sobre a necessidade de uma escola pública de qualidade, que implica, dentre outras coisas, as mínimas condições de funcionamento”.

A docente salienta que a realidade da maior parte das escolas da rede pública é de problemas estruturais envolvendo água encanada, banheiros, energia e mesmo as más condições dos telhados, além de salas pequenas e abafadas. Todas estas questões colidem frontalmente com as medidas sanitárias adequadas para a prevenção da Covid-19. “Uma escola com uma infraestrutura adequada, com salas amplas e arejadas, para que se possa receber as crianças e os adolescentes com o distanciamento social necessário, é apenas um sonho para a grande maioria das escolas”, resume, “como podemos garantir que as crianças terão o distanciamento necessário para evitar maiores contaminações, que sejam recebidas em um espaço que lhes garantam o álcool-gel, água, papel toalha?”, reflete Miriam.

A docente relembra, ainda, que neste um ano em que as escolas passaram fechadas, cabia ao poder público fazer reformas emergenciais para a adequação da infraestrutura visando uma retomada segura e isto não foi feito. “Se não tínhamos a infraestrutura necessária, agora tampouco temos os recursos para fazer qualquer adequação”, comenta, “é um absurdo que os poderes constituídos estejam obrigando o retorno às escolas sem que façam o mínimo investimento para garantir as condições adequadas para este retorno”.