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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 07/04/2025 - Notícias
“Inícios saudáveis, futuros esperançosos”: Dia Mundial da Saúde destaca a urgência no debate sobre saúde materna

Hoje, dia 7 de abril, é o Dia Mundial da Saúde. A data remete à fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, que busca coordenar ações internacionais de saúde pública e melhorar o cenário global.
O objetivo é chamar a atenção da população mundial acerca da conscientização e do debate de temas importantes. Neste ano, o tema escolhido para a campanha é “Inícios saudáveis, futuros esperançosos”, que traz à tona a necessidade de discutir sobre a saúde materna e o apoio à gestações saudáveis.
Segundo relatório do Grupo Intersinstitucional de Estimativa de Mortalidade Materna das Nações Unidas, ligado à OMS e ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a cada dois minutos uma mulher morre durante a gravidez ou o parto. O cenário revela retrocessos diante do aumento ou estagnação no número de óbitos em âmbito mundial.
O estudo mostra que, apenas em 2020, foram contabilizadas 287 mil mortes maternas em todo o mundo, com um aumento de 15% na América Latina e Caribe, em comparação a 2016. A Meta 3.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é reduzir, até 2030, a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos.
Cenário no Brasil
No Brasil, o Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna apontou mais de 43 mil mortes entre janeiro e agosto de 2024.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece políticas voltadas à atenção pré-natal, parto seguro e puerpério. O pré-natal é gratuito e recomendado desde o início da gravidez, como forma de prevenir e detectar possíveis doenças e/ou complicações para a mãe ou o bebê. Nesse sentido, a gestante deve procurar a Unidade de Atenção Básica (UBS) mais próxima de sua residência para realizar as consultas.
Mario Approbato é professor titular pela UFG e doutor em Tocoginecologia pela USP, com experiência em medicina reprodutiva. Ele diz que o Dia Mundial da Saúde serve como oportunidade para mobilizar apoio, promover ações e melhorar a saúde global.
Sobre as principais causas da mortalidade, Mario esclarece que a qualidade da assistência interfere diretamente na causa de hemorragias puerperais, ou seja, que ocorrem após o parto, ocasionando também a prevalência de infecções. Ele destaca também outros fatores ocasionais:
“As complicações do aborto são a quarta causa de morte materna no país, demonstrando a falência da assistência à população e a necessidade de planejamento familiar. Quanto aos fatores que contribuem também para a morte materna, a idade avançada e vias de parto, como a cesariana, também expõem a mulher a maior risco e complicações de morte”, enfatiza o médico.
Ainda segundo o profissional, quanto à prevenção, a capacitação profissional também é necessária para a redução do quadro, além da qualidade assistencial.
“A qualidade da assistência ao parto depende da instituição de saúde e do profissional que presta atendimento. A formação obstétrica, como residência médica e pós-graduação, são necessárias para a melhoria dessa taxa de mortalidade, tanto para médicos quanto para enfermeiros”.
Desafios
Quanto aos desafios de perspectiva, a mortalidade materna é um problema de saúde pública no Brasil, com altas taxas, especialmente em mulheres negras e indígenas. Nesse sentido, a desigualdade social afeta diretamente esses grupos.
A mortalidade do Brasil em 2021, por exemplo, registrou 110 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos, um retrocesso comparado com a década de 80, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz.
Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também aponta que os indígenas enfrentam um risco quase duas vezes maior de morte materna do que não indígenas.
Além disso, com relação às mulheres negras, o número chegou a 194 por 100 mil, enquanto a das mulheres brancas foi de 121 por 100 mil.
Como reduzir a taxa de mortalidade materna?
A implementação de ações que garantam acesso e cuidado à saúde materna exige cuidados nos três eixos: o pré-natal, o parto e o pós-parto. O especialista afirma que a redução da mortalidade materna requer uma abordagem integral que envolva sociedade civil e serviços de Saúde, além do governo e de entidades não-governamentais. Entre as medidas que devem ser adotadas, estão:
- Aumento do acesso aos serviços de saúde, como prevenção à hipertensão e diabetes:
- Melhoria da atenção pré-natal e puerperal
- Implementação de medidas que reduzam a ocorrência de cesáreas desnecessárias;
- Apoio à saúde mental materna durante a gravidez e o pós-parto.