Notícias
Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 14/03/2025 - Notícias
Professora Mariângela Estelita Barros da Faculdade de Letras amplia acesso à comunidade infantil surda com a Escrita das Línguas de Sinais

Assegurar o direito aos surdos de serem alfabetizados em sua própria língua. Essa é uma das propostas da professora da Faculdade de Letras da UFG e filiada ao Adufg-Sindicato, Mariângela Estelita Barros. Ela desenvolveu um novo sistema de escrita para Libras, a Escrita das Línguas de Sinais (ELiS). A proposta permite, entre outras atribuições, a adaptação de contos infantis para crianças surdas.
A coordenadora do projeto conta que a ideia surgiu após o lançamento dos contos dos Irmãos Grimm no site da Bibliolibras, que realizou a adaptação em Libras sinalizada e em português, falado e escrito. O projeto tem como principal objetivo criar oportunidades iguais de leitura e escrita, além de ampliar possibilidades linguísticas, culturais e escolares.
As adaptações iniciaram em 2021, com o lançamento da primeira coleção literária em formato digital pela Editora Tutti. As publicações são: Rosa Branca e Vermelha, Rapunzel, A Água da Vida, A Guardadora de Gansos, A Rainha das Abelhas, As Doze Princesas Dançarinas, Irmão e Irmã, João e Maria, O Alfaiate Valente, O Príncipe Sapo, Os Doze Caçadores e Os Sete Corvos.
“Com essas publicações entendemos que estamos apoiando o desenvolvimento de uma geração de pessoas surdas que sabem ler e escrever sua própria língua com fluência. Acreditamos que fazendo isso, o que essa geração será capaz de criar e de mostrar sobre si mesma será surpreendente”.
Sobre os principais resultados alcançados, Mariângela ressalta a importância de fazer com que as pessoas tenham familiaridade com o novo sistema de escrita, o que tem ocorrido a partir da publicação do material no site da Tutti Editora, que ajuda na divulgação da ELiS.
“Tenho também utilizado o material com alunos adultos para demonstrar como a utilização de textos literariamente ricos ajudam na aprendizagem das habilidades de leitura e escrita e como eles podem contribuir para o desenvolvimento intelectual/cognitivo de crianças surdas”, acrescenta a pesquisadora.
A ELiS e a importância da leitura para a comunidade surda
A ELiS é um sistema de escrita que já foi testado em vinte tipos diferentes de línguas de sinais. O método apresenta diversos diferenciais, conforme explica a coordenadora do projeto. “A ELiS possui um número de letras bastante reduzido em comparação a outras escritas de sinais, refletindo ser um sistema bastante econômico. Além disso, apresenta uma ordem fixa, linear e sistemática para a representação de seus elementos, o que a torna uma escrita mais simples”.
Ela acrescenta que os visografemas, símbolos compostos por linhas, pontos e quadrados, são de fácil execução e proporcionam agilidade na escrita à mão. Por fim, a docente ressalta que a escrita também está disponível no formato digital e pode ser baixada e visualizada em qualquer computador com teclado.
Por outro lado, Mariângela enfatiza a necessidade de equiparar a comunidade surda aos demais por meio da igualdade de oportunidades.
“Vivemos em uma sociedade que privilegia habilidades cognitivas e a comunidade surda em geral tem ficado privada dos benefícios da literacia, uma vez que a maioria das pessoas surdas não atinge bons níveis de leitura e escrita. Ler e escrever uma língua de sinais é um ato subversivo, pois diz não à ordem estabelecida de que a pessoa surda é dependente e inferior à ouvinte e a coloca em pé de igualdade para as práticas sociais que compartilham”, finaliza a professora.
Imagem reproduzida de https://jornal.ufg.br/