Projeto capacita profissionais de saúde no atendimento pós-parto imediato

A Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG) vem atuando diretamente na qualificação da assistência ao parto em Goiás. Com recursos obtidos por meio da pesquisa "Efetividade da simulação clínica para a capacitação dos profissionais da saúde na assistência à primeira hora de parto e nascimento", do edital Governo com Ciência, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), a unidade adquiriu um manequim de alta fidelidade para simulação clínica de partos, chamado carinhosamente de "Isis".

A conquista é fruto de uma parceria entre a FEN e a Secretaria Estadual da Saúde e, segundo a coordenadora do projeto, a professora Flaviana Vieira, é uma resposta ao aumento de casos de hemorragia pós-parto e mortalidade materna no estado. A iniciativa, que resultou nessa aquisição, começou em 2020, quando a professora retornou de seu primeiro pós-doutorado no Canadá. Durante a experiência internacional, ela teve contato com a simulação clínica e passou a idealizar uma pesquisa voltada para essa metodologia.

O interesse pela área surgiu de uma demanda concreta apontada pela Superintendência da Saúde da Mulher: a necessidade urgente de capacitar profissionais para o atendimento à primeira hora do parto e nascimento, período crucial para a segurança da mãe e do bebê. "Trabalhar com a primeira hora de nascimento é um ganho muito grande para a saúde da mulher e para o Estado como um todo", afirma a pesquisadora.

A ação foi desenhada para atender enfermeiros, médicos, enfermeiros obstetras e residentes da área, com o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil por meio do aprimoramento técnico e do uso de simulações realistas.

A pesquisa avaliou a efetividade da metodologia de simulação clínica em comparação às capacitações convencionais. "A simulação traz mais segurança para o estudante, porque não é apenas uma demonstração de laboratório; ela envolve o preparo, o cenário e a devolutiva ao aluno", explica Flaviana. Ao vivenciar essas etapas em ambiente controlado, o estudante ganha confiança para a prática clínica real, o que também se reflete na qualidade da assistência prestada aos pacientes.

Profissionais da saúde

Com o resultado positivo do edital em 2022, os recursos possibilitaram a aquisição do manequim, que custou cerca de 18 mil dólares, e a compra de uma cama PPP (Pré-Parto, Parto e Pós-Parto), própria para essa área da maternidade. Atualmente, a equipe da FEN passa por treinamento especializado para o uso do equipamento, capaz de simular com fidelidade diversos cenários de parto.

A capacitação, que já ocorre desde 2023 com manequins de tecnologias inferiores com profissionais que já atuam na rede pública estadual, como enfermeiros, médicos, obstetrizes e residentes, utilizará os realistas a partir deste ano. Cerca de 200 trabalhadores da área da saúde participarão deste momento de aperfeiçoamento. Parte dos treinamentos será realizada nos laboratórios da unidade, que passa por melhorias estruturais.

Flaviana explica que o programa recebeu R$ 169 mil do edital e que haverá cursos de atualização para os profissionais do estado, ampliando o alcance da capacitação. "É uma via de mão dupla: o governo investe na educação e, em troca, tem profissionais mais qualificados para atender a população, reduzindo riscos de mortalidade materna e infantil", afirma.

Emocionada, a coordenadora destaca a importância pessoal e coletiva da conquista. "É a realização de um sonho. Sei o benefício que isso trará tanto para os acadêmicos da Faculdade de Enfermagem quanto para as nossas pesquisas e para os profissionais que atuam na área da saúde, mas, em especial, para as pessoas que vão receber assistência".

A expectativa é que, com a formação continuada e o treinamento com a "Isis", haja um impacto significativo na qualidade da assistência prestada às gestantes em Goiás. A abordagem busca garantir um atendimento mais seguro, qualificado e humanizado, especialmente nos casos críticos, como a hemorragia pós-parto. "Quando o profissional está mais seguro, ele diminui o risco de erros na assistência e contribui para a segurança da mulher e do bebê", destaca.