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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 03/11/2020 - Jornal do Professor
(JP Online): Eleições nos EUA podem impactar onda bolsonarista no Brasil
“Uma possível derrota de Donald Trump pode jogar por terra um modelo de governança e retórica política e afetar as forças da extrema direita”, afirma o professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG), Robert Bonifácio. “Se isso acontecer, Bolsonaro deverá mudar alguns discursos e o rumo de sua política externa”, avalia o docente.
Nesta terça-feira (03/11), o presidente Jair Bolsonaro demonstrou nervosismo com o rumo das eleições presidenciais dos Estados Unidos. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o mandatário declarou que suspeita de “interferência externa” na votação americana. Nas redes sociais, o presidente brasileiro chegou a dizer que é “inegável” o impacto da eleição no Brasil e no restante do mundo.
Apesar do vice-presidente Hamilton Mourão ter declarado ao mesmo jornal que o resultado não alterará a política externa e no relacionamento com o País, o Planalto inteiro segue na expectativa: Bolsonaro até pediu que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, cancelasse sua agenda, que incluía uma viagem, para acompanhar as notícias.
O fato é que o resultado da disputa entre Joe Biden e Donald Trump vai ter sim um grande impacto, não necessariamente econômico ou diplomático sobre o Brasil, mas simbólico. “O Bolsonaro tem o Trump como uma âncora política, um caminho a ser seguido, por ser o presidente da maior potência do mundo. O Bolsonaro engloba muitas práticas e reproduz aqui no Brasil”, explica Robert Bonifácio.
O docente avalia que, em caso vitória trumpista, a retórica bolsonarista se verá renovada. “Mas se seu maior expoente político for derrotado, aqui ele terá que mudar alguns discursos”, acredita. Para o professor, além de afetar o bolsonarismo, o resultado deve ter efeito sobre a onda reacionária de extrema direita pelo mundo, iniciada pela vitória de Trump em 2016. Sua derrota, pode ser o início de um dominó; sua reeleição, prova de que o movimento ainda tem fôlego.