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Autor: Ascom Adufg-Sindicato

Publicado em 29/10/2020 - Jornal do Professor

(JP Online): Estudantes negros representam quase metade dos alunos das universidades federais

(JP Online): Estudantes negros representam quase metade dos alunos das universidades federais

Dados do Censo da Educação Superior deste ano, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que a quantidade de alunos autodeclarados negros cresceu 192% nas universidades federais desde a promulgação da Lei de Cotas em 2012: na época, eles representavam 20,5% dos alunos. Além disso, hoje, estes alunos já são maioria em 58 das 110 instituições do ensino público federal. Em 2012, eram maioria em apenas 8 universidades.

Para a professora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC-UFG) e ex-coordenadora de Ações Afirmativas, Luciene Dias, estes dados representam uma grande vitória e são a prova de que a lei funciona. “É um política pública que começa a mostrar os seus primeiros resultados. Ela prova que é possível alterar uma realidade social de exclusão”, afirma.

A professora defende que agora seria o momento para os próximos passos: primeiro, ficar de olho na evasão e buscar formas de garantir “que tivéssemos esse percentual refletido na colação de grau”. Outra questão é a de aplicabilidade e inclusão em outras frentes dentro da universidade, como na pós-graduação, na gestão e na docência. A UFG foi pioneira, durante a coordenadoria de Dias, ao implementar a Resolução 07/2015, que determina a criação de cotas nos processos de ingresso na pós-graduação. “Temos a força da resolução, mas isto ainda não foi regulamentado dentro dos programas, então não temos a operacionalidade. Se articular para garantir a presença de pessoas negras na pós-graduação é um próximo passo”, reflete.

“Não resolve apenas ter estudantes negros. Precisamos de professores e professoras negras”, aponta. “A lei deu certo: 47,4% é uma grande conquista, mas o trabalho não está feito. Temos que nos atentar para os espaços de gestão e docência para que essa presença seja equalizada com relação à existência da população negra na sociedade brasileira. Se somos o conjunto majoritário da sociedade, este caráter majoritário tem que ser refletido nos editais também”.

Ela destaca que na UFG já existem pontualmente editais exclusivos para negros e que a UFRJ, que conseguiu via Resolução estabelecer que todos seus editais tenham cotas raciais.