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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 21/10/2020 - Jornal do Professor
(JP Online): Estudo aponta que falta de investimento na Educação leva ao aumento da desigualdade social
Um estudo publicado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação revelou que, se o investimento em educação for reduzido, a desigualdade social deve aumentar nos próximos anos. A pesquisa analisou o investimento público na área educacional de 2001 a 2015. O valor investido por aluno no ensino básico saltou, no período, de R$ 899 para R$ 7,2 mil, e no ensino superior de R$ 8,8 mil para R$ 23,2 mil.
Isto não é um gasto: é um investimento. Os pesquisadores relacionaram estes valores com índices que medem a desigualdade, como o Gini, e o resultado foi inversamente proporcional: quanto mais se investe em educação, menor a desigualdade. Vale lembrar que, pelo próprio Gini, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, ocupando o nono lugar, segundo os dados de 2017.
Mas, isto foi antes dos dois últimos governos, que vêm sistematicamente congelando ou reduzindo os recursos investidos na área, tanto no nível superior quanto no ensino básico. O investimento público na educação encolheu 8,8% nos últimos cinco anos. “A década de 2000, e até por volta de 2013, já foi considerada por alguns estudiosos como ‘a década inclusiva’”, afirma o professor Tadeu de Alencar Arrais, professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA-UFG) e coordenador do Observatório do Estado Social Brasileiro. “É a década em que ocorreu a maior redução em todos os parâmetros da desigualdade social e também da desigualdade de renda no Brasil”, salienta.
A pesquisa reflete os dados que o Observatório tem analisado. “Os dados do Observatório indicam essa curva com muita clareza”, diz. O levantamento confirma o que estudiosos da educação já sabiam. “Essa correlação [da educação com a redução da desigualdade é possível porque um Estado que investe em educação também investe em saúde, em políticas de assistência social”, explica Tadeu. Segundo ele, não significa que este período tem um avanço expressivo das ações do Estado social em vários campos: educação, saúde, previdência, seguridade social através de benefícios como o Bolsa Família, aumento real do salário mínimo”.
Da mesma forma, a falta de investimento e suas consequências são evidentes. “Se você pega um mapa de 2001 da Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), é um horror. De 2014 até agora, isso vem desacelerando com os investimentos em educação caindo muito. Essa correlação será mais visível ainda quando for feita daqui dois ou três anos, pegando esta década. Ela será brutal”, finaliza Tadeu.