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Autor: Ascom Adufg-Sindicato
Publicado em 05/07/2023 - Jornal do Professor
Projeto da UFG identifica condições das nascentes da região Metropolitana de Goiânia
A falta de proteção às nascentes dos cursos hídricos na capital goiana revela o descuido das políticas públicas. Segundo dados do Sistema de Informações Geográficas de Goiânia (SIGGO), ao menos 20 nascentes estão em risco e não possuem condições que garantam sua manutenção. Com o objetivo de mapear e identificar a situação dos mananciais na capital e da região metropolitana, vem sendo desenvolvido na Universidade Federal de Goiás (UFG) o projeto de extensão “Caçadores de Nascentes”.
Idealizado pelo professor do Instituto de Estudos Socioambientais da UFG (IESA) Romualdo Pessoa, que também integra a diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato) como diretor financeiro, o projeto surgiu a partir da necessidade de identificar o local e a situação em que se encontram as nascentes dos rios que percorrem a região metropolitana de Goiânia. Com a participação de docentes e estudantes, o objetivo é ajudar a garantir a preservação dos recursos hídricos em áreas urbanas.
“Em diversas áreas da cidade existem nascentes que, em muitos casos, estão malcuidadas. Então, é muito importante que a gente levante essa discussão não apenas dentro da universidade, porque nesse ambiente nós já temos uma série de estudos sobre isso, mas nós precisamos levar esse conhecimento para a comunidade”, ressalta o professor. A negligência das políticas públicas em relação aos alertas emitidos acerca da situação dos mananciais goianos preocupa especialistas. Nesse sentido, Romualdo Pessoa explica a importância do desenvolvimento de atividades - como as propostas pelo “Caçadores de Nascentes”- que visem recuperar nascentes e proteger mananciais, a partir da identificação, preservação e fiscalização de áreas invisibilizadas.
Parcerias
O projeto funciona por meio de parcerias com a comunidade local, escolas, instituições públicas e organizações não governamentais. Professores e estudantes vão a campo em busca de nascentes. Uma vez identificadas, tem início o processo de estabelecimento das condições do manancial. Em seguida, são elaborados relatórios e planos de trabalho utilizados para cobrar os órgãos públicos sobre ações de recuperação, proteção e fiscalização. Estabelecer novos laços de colaboração tem sido uma das prioridades dos coordenadores.
“Eu, agora membro da diretoria do Adufg-Sindicato, estou tentando buscar novas parcerias com a entidade. A participação do sindicato em questões relacionadas ao meio ambiente não é nova. Eu estou trabalhando para recuperar um Grupo de Trabalho sobre meio ambiente, que já existiu e foi responsável por trabalhos importantes de reflorestamento”, conta Romualdo.
A coordenadora do programa, professora do IESA Karla Faria, que também é a responsável pelo Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da Sede Campestre da Adufg-Sindicato, já realizava outros trabalhos relacionados à temática de impactos ambientais. “O objeto de trabalho do Caçadores de Nascentes, enquanto uma atividade de extensão, é muito positivo dentro do ambiente da universidade e com retorno para a comunidade.
O projeto permite, junto aos alunos, realizar o reconhecimento de áreas muitas vezes invisibilizadas pela atividade urbana”, explica a docente. A atual situação das nascentes desperta preocupação em relação às condições dos córregos, rios e ribeirões que abastecem a região metropolitana. Dentre as principais razões que explicam tal situação estão ocupações urbanas indevidas em áreas de preservação ambiental, agravadas pela derrubada da mata ciliar e pelo uso da água de maneira indiscriminada para abastecer cultivos.
“Nossas intervenções ambientais vão precisar cada vez mais de um contato maior com a comunidade. As nascentes não estão no nosso ambiente de conforto. Elas estão espalhadas pela cidade, podendo conviver de forma harmoniosa, ou não, com a comunidade do entorno. Então, o projeto faz uma ponte entre a universidade e a população por meio de associações de bairro e, principalmente, escolas”, finaliza Karla Faria.